I lost myse-e-elf



Ok, já faz quase 9 meses, uma gestação, que fui no show do Radiohead em Londres. Eu precisava de um empurrãozinho pra escrever sobre.

Hoje, às 22:30, vou ver a banda na praça da Apoteose aqui no Rio. Meu ingresso tá comprado desde o primeiro minuto da meia noite do dia 5 de dezembro do ano passado, quando abriram as vendas. Não, eu não me considero tiete. Acho que sou assim uma admiradora enfática do som deles, mas não fãzoca. Tá, eu fui pra Londres só pra ver o show deles, mas e daí? Podia ser minha única oportunidade na vida! ( e pra que todos me entendam, eu tava ali na Espanha, do ladinho do Reino Unido, e as passagens da Ryanair não saíam por mais de 30 euros)

Mas a vida é boa e eu tenho uma segunda oportunidade de ver o Radiohead. Tô muito curiosa sobre como vai ser por vários motivos: porque agora tô no Brasil, onde as pessoas são super enfáticas (viu que não sou só eu?) quando gostam de uma banda, porque os Loser vão tocar antes e quero ver se a tietagem do público vai se estender aos ingleses (será que teve losermaníaco que só comprou o ingresso pra ver os hermanos?), porque sim, somos mais calorosos, mas sim, também somos mais mal educados (com ou sem hífen?). E bem, é aqui que lembro da minha experiência no show londrino...

Eu fui a Londres sem expectativas em relação a cidade, só por causa do show mesmo. Aproximadamente 15 dias antes de viajar, me desesperei na casa de Leury, em Salamanca, quando vi que os ingressos estavam esgotados. Por fim encontrei esse cara, Guy, que tinha um ingresso pra vender. Depois de muitos emails, lá estava eu na porta do Hyde Park Inn hostel, um dia antes do show, esperando um estranho inglês. Ele era ótimo, un chico muy majo, se ofereceu pra me levar até o lugar do show no dia seguinte. Achei bom, porque tava meio nebuloso pra mim onde era o tal Victoria Park.

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Encontrei meu buddy Guy perto da estação de metrô, ele me ofereceu uma cerveja de lata verde, holandesa, muito boa. Seguimos com a multidão pro parque. O dia tava lindo, um solzão agradável (eu fui muito sortuda, só peguei dias lindos em Londres), nos sentamos no gramado do lado de fora dos portões enquanto a banda de abertura tocava. Depois de uma horinha de papo divertido e algumas cervejas, tava na hora d'eu entrar. Me despedi de Guy (ele ia ver o show do Radiohead em Berlim, na semana seguinte, por isso tinha me vendido seu ingresso) e entrei, escondendo uma garrafa d'água no casaco pra que não fosse pro lixo quando me revistassem.

Fiquei zanzando, observando a área, imensa, e as pessoas que estavam ali. Cheguei até a frente, a uma distância do palco que acreditei ser segura o bastante pra uma mocinha sozinha e perto o bastante pra uma mocinha de 1,60m enxergar a banda. Tentei tirar umas fotos da minha cara de bobona segurando o canhoto do ingresso: todas foram um fracasso. Aí uma simpática australiana se ofereceu pra me fotografar e me contou que esse era o terceiro show, só dessa turnê, que ela via do Radiohead. A menina era meio doida mesmo (ou muito rica) e saía acompanhando os caras pra onde eles fossem.



Os ingleses tavam lá sentados no chão em rodinhas com suas cuadrillas (como chama em inglês? o.O) tomando umas muitas cervejas. E pã, de repente os caras entraram no palco, todo mundo levantou, eu nem acreditava que tava ali. Eram umas 9 da noite, mas o sol ainda tava forte, uma luz muito linda, e eles começaram a tocar.
A parte ruim de estar sozinha nessas situações é que você tem vontade de compartilhar, de ver que sua companhia está tão boquiaberta quanto você, e não pode. =/

Vi um Tom Yorke rechonchudinho e menos animado do que eu imaginava - assim meio paradão no palco, sem fazer tantas estripulias quanto as que eu havia visto em gravações de outros shows. Achei o som baixo (será o costume do som alto no Brasil? será a culpa dos trios?). Mas porra, era Radiohead.

Enquanto o show rolava, eu percebi que os ingleses eram mais educados e bêbados do que imaginava, fui pedindo excuse me, please aqui e ali e quando percebi estava quase na grade, na frentona. A parte boa de estar sozinha nessas situações é que você tem mais mobilidade.
O que pra mim era o momento da minha vida (hohoho, sim, eu sou enfática! :P), pros british ali presentes era só mais um show. - O que tem pra fazer nesse findi? Ah, show do Radiohead outra vez... Bebaços, eles cantavam mais com seus amiguinhos que com a banda.



Na metade do show, o sol de pôs (umas 10:30) e aí deu pra perceber melhor a tal iluminação de leds, bem legal. Quando o show acabou já era noite escura. A penúltima música que eles tocaram foi Karma Police, e no caminho pro metrô todo mundo repetia "And for a minut there, i lost myself, i lost myse-e-elf"... Eu realmente me perdi buscando a estação mais próxima, mas um educado moço da segurança do show me ajudou.

Então certo, cá estou eu do outro lado do oceano, ansiosa pra ver o que vai rolar hoje a noite. Se eu não ficar surda no show dos Loser e conseguir ouvir Radiohead, conto como foi.
Assim que chegar em Salvador complemento esse post com minhas fotos do palco e de cara-de-bunda.

Cheguei em Salvador e postei as fotos. Certo, elas não tão assim de lindas, mas poxa, foi minha experiência, tá? :P

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