A foto que não tirei

03.05.2008_

Sentada no no assento azul do RER de Paris, na minha frente meu anfitrião, amigo de infância, do lado de fora um dia inacreditavelmente ensolarado. Olho pros bancos do outro lado do corredor e vejo uma moça muito bonita no ponto antípoda ao meu. Cabelos cuidadosamente cacheados, argolas grandes, ela fala distraidamente no celular.

Do outro vagão vem um cara esfarrapado, com sacolas plásticas penduradas nas mãos e nos braços e voz de choro, pára ao lado e atrás de onde está sentada a moça. Ele começa o discurso típico de pedintes, faz que limpa lágrimas, fala dos filhos que ninguém acredita que realmente tem.

A moça desliga o telefone e logo apita a chegada de uma mensagem. Eu enquadro os dois num quadro meio torto, mas que serve. Ela dá um sorrisinho de satisfação ao ler o que veio, o mendigo estende a mão. Faço click.

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